Cazuza
Agenor de Miranda Araújo Neto (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1958 — Rio
de Janeiro, 7 de julho de 1990), mais conhecido pelo seu nome artístico Cazuza
foi um cantor, compositor, poeta e escritor brasileiro. Ganhou fama como
vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho.1 Sua parceria com Roberto
Frejat foi criticamente aclamada. Dentre as composições famosas junto ao Barão
Vermelho estão "Todo Amor que Houver Nessa Vida", "Pro Dia
Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e
"Bilhetinho Azul".
Cazuza é considerado um dos maiores compositores da música brasileira.
Dentre seus sucessos musicais em carreira solo, destacam-se
"Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia",
"Brasil", "Faz Parte do meu Show", "O Tempo não
Pára" e "O Nosso Amor a Gente Inventa". Cazuza também ficou
conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo declarado em entrevistas
que era bissexual. Em 1989 declarou ser soropositivo (termo usado para
descrever a presença do vírus HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida - AIDS - no sangue) e sucumbiu à doença em 1990, no Rio de Janeiro.
Barão Vermelho
O Barão Vermelho, que até então era formado por Roberto Frejat
(guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi
(bateria), gostou muito do vocal berrado de Cazuza. Em seguida, Cazuza mostra à
banda letras que havia escrito e passa a compor com Roberto Frejat, formando
uma das duplas mais festejadas do rock brasileiro.5 Dali para frente, a banda
que antes só tocava covers passa a criar um repertório próprio. Após ouvir uma
fita demo da banda, o produtor Ezequiel Neves convence o diretor artístico da
Som Livre, Guto Graça Mello, a gravar a banda.3 Juntos convencem o relutante
João Araújo a apostar no Barão.
Com uma produção barata e gravado em apenas dois dias, é lançado em 1982
o primeiro álbum da banda, Barão Vermelho. Das canções mais importantes,
destacam-se "Bilhetinho Azul", "Ponto Fraco", "Down Em
Mim" e "Todo Amor Que Houver Nessa Vida". Apesar de ser aclamado
pela crítica, o disco vendeu apenas sete mil cópias.3 Depois de alguns shows no
Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio e com uma melhor
produção gravou o disco Barão Vermelho 2, lançado em 1983. Esse disco vendeu 15
mil cópias. Foi nessa fase que, durante um show no Canecão, Caetano Veloso
apontou Cazuza como o maior poeta da geração e criticou as rádios por não
tocarem a banda. Na época as rádios só tocavam pop brasileiro e MPB. O rótulo
de "banda maldita" só abandonou o Barão Vermelho quando o cantor Ney
Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz". Era o empurrão que faltava,
e a banda ganhou vida pública própria.
A banda foi convidada a compor e gravar o tema do filme Bete Balanço. A
canção-título tornou-se um dos grandes clássicos da banda, impulsionando o
filme que vira sucesso de bilheteria. A canção também impulsionou as vendas do
terceiro disco do Barão, Maior Abandonado, lançado em outubro de 1984, que
conquistou disco de ouro, registrando outras composições como "Maior
Abandonado" e "Por Que a Gente é Assim?". Em 15 e 20 de janeiro
de 1985, o Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock in Rio.5 A
apresentação da banda no quinto dia tornou-se antológica por coincidir com a
eleição do presidente Tancredo Neves e com o fim da Ditadura Militar. Cazuza
anunciou esse fato ao público presente e para comemorar, cantou "Pro Dia
Nascer Feliz".
"Não divido nada, muito menos o palco"
Cazuza deixou a banda a fim de ter liberdade para compor e se expressar,
musical e poeticamente. Em julho de 1985, durante os ensaios do quarto álbum,
Cazuza deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo. Suspeita-se que nesse
mesmo ano começou a ter febre diariamente, indícios da AIDS que se agravaria
anos depois. Ezequiel Neves (faleceu no dia 7 de julho de 2010), que trabalhou
com o Barão, dividiu-se entre a banda e a carreira solo de Cazuza. "Fui
'salomônico'", declarou em entrevista ao Jornal do Commercio, em 2007,
quando Cazuza completaria 49 anos.
Carreira solo
Exagerado e Só Se For A Dois
Em agosto de 1985, Cazuza é internado para ser tratado por uma pneumonia.
Cazuza exigiu fazer um teste de HIV, do qual o resultado foi negativo. Em
novembro de 1985 foi lançado o primeiro álbum solo, Exagerado.
"Exagerado", a faixa-título composta em parceria com Leoni, se torna
um dos maiores sucessos e marca registrada do cantor.5 A canção "Só As
Mães São Felizes" foi vetada pela censura. Gravou o segundo álbum no
segundo semestre de 1986; como a Som Livre rompeu com seu elenco de artistas,
Só Se For A Dois foi lançado pela PolyGram (agora Universal Music Group) em
1987. Logo depois, a PolyGram contratou Cazuza. Só Se For A Dois mostrou temas
românticos como "Só Se For A Dois", "O Nosso Amor A Gente
Inventa", "Solidão Que Nada" e "Ritual".
Ideologia e O Tempo Não Pára
A AIDS se manifestou em 1987; Cazuza foi internado com pneumonia, e um
novo teste revelou que o cantor era portador do vírus HIV. Em outubro, Cazuza
foi internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, para ser tratado por
uma nova pneumonia. Em seguida, ele é levado pelos pais aos Estados Unidos. Lá,
foi submetido a um tratamento a base de AZT durante dois meses no New England
Hospital, de Boston. Ao voltar ao Brasil no começo de dezembro de 1987, Cazuza
inicia as gravações para um novo disco. Ideologia de 1988, inclui os hits "Ideologia",
"Brasil" e "Faz Parte Do Meu Show". "Brasil", em
versão de Gal Costa foi tema de abertura da telenovela Vale Tudo, da Rede
Globo.
Os shows se tornam mais elaborados e a turnê do disco Ideologia, dirigido
por Ney Matogrosso, viajou por todo o Brasil. O Tempo Não Pára, gravado no
Canecão durante esta turnê, foi lançado em 1989. O disco se tornou o maior
sucesso comercial superando a marca de 500 mil cópias vendidas. A faixa "O
Tempo Não Pára" tornou-se um de seus maiores sucessos. Também destacam-se
"Todo Amor Que Houver Nessa Vida" com um novo arranjo mais
introspectivo, "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte Do Meu
Show". "O Tempo Não Pára" também foi lançado em VHS pela Globo.4
Burguesia
Em fevereiro de 1989 Cazuza declarou publicamente que era soropositivo,
ajudando assim a criar consciência em relação à doença e aos efeitos dela.
Compareceu na cerimônia do Prêmio Sharp numa cadeira de rodas, e recebeu os
prêmios de melhor canção para "Brasil" e de melhor álbum para
Ideologia. Burguesia (1989) foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e
com a voz nitidamente enfraquecida.1 É um álbum duplo de conceito dual, sendo o
primeiro disco com canções de rock brasileiro e o segundo com canções de MPB.
Burguesia foi o último disco gravado por Cazuza e vendeu 250 mil cópias.2
Cazuza recebeu o Prêmio Sharp póstumo de melhor canção com "Cobaias de
Deus".
Morte
Em outubro de 1988, depois de quatro meses a base de um tratamento
alternativo em São Paulo, Cazuza partiu novamente para Boston, onde ficou
internado até março de 1990 voltando assim para o Rio de Janeiro. No dia 7 de
julho de 1990, Cazuza morre aos 32 anos por um choque séptico causado pela
AIDS. No enterro compareceram mais de mil pessoas, entre parentes, amigos e
fãs. O caixão, coberto de flores e lacrado, foi levado à sepultura pelos
ex-companheiros do Barão Vermelho. Cazuza foi enterrado no cemitério São João
Batista, no Rio de Janeiro.5 . No ano seguinte, foi lançado o álbum póstumo Por
aí.
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